Congelamento de gametas prolonga chances de gravidez

O ciclo reprodutivo feminino não acompanha todas as atividades pessoais e profissionais que elas desejam desempenhar até os 35, 40 anos. Mas o congelamento de gametas é uma alternativa para quem deseja ser mãe mais tarde. “Hoje já dispomos de avanços científicos que permitem o congelamento dos óvulos para que sejam utilizados posteriormente, quando for o momento adequado para aquela mulher”, explica a médica especialista em reprodução assistida Cláudia Navarro.

A cantora Ivete Sangalo, por exemplo, já declarou em entrevistas que optou pela chamada criopreservação. O que garantiu a possibilidade de sua última gravidez, quando pode dar a luz a gêmeos.

Mais um caso onde o congelamento de gametas pode ser uma saída para a preservação de uma futura gravidez, é a descoberta de um câncer. Os tratamentos para a doença têm como um dos efeitos a interrupção da menstruação e o potencial para causar danos irreversíveis aos ovários. Sabrina Parlatore, ex-VJ da MTV, ao saber que teria que se submeter à quimioterapia por causa de um câncer de mama, resolveu congelar seus óvulos para realizar o sonho de ser mãe no futuro.

Gravidez após os 40

Popularmente, o que se acha é que a mulher pode engravidar até a menopausa, depois disso, fica inviável. “Porém, na verdade, em torno dos 30 anos de idade a capacidade reprodutiva começa a cair, e a partir dos 35 essa queda vai se tornando ainda mais rápida e acentuada, alcançando índices muito baixos de fertilidade após os 42 anos. Ou seja, mesmo alguns anos antes da chegada da menopausa, as chances diminuem bastante”, explica Cláudia Navarro.

Cláudia ainda ressalta que a idade mais indicada para que a mulher consiga engravidar tranquilamente é até cerca de 35 anos. Já após os 30, as chances diminuem porque a reserva de óvulos se reduz, devido ao processo de envelhecimento do sistema reprodutivo. A mulher já nasce com determinada quantidade de óvulos e não produz além deles.  Adiar a gestação pode se tornar um problema. Pela definição, a ausência de gravidez após um ano de relações sexuais regulares sem usar nenhum tipo de método contraceptivo, já constitui diagnóstico de infertilidade daquele casal. “É preciso procurar o médico para que se inicie a pesquisa das possíveis causas de infertilidade. Nos casais em que a mulher está com 35 anos ou mais, após seis meses de tentativa sem sucesso, já se deve pesquisar se há algum problema”, alerta a médica. Ela lembra que em 40% dos casos o problema é da mulher, em outros 40%, do homem e, em 20%, ambos têm alguma disfunção.

Mas, apesar das chances serem menores, é possível uma gravidez mesmo após os 40 anos.  Cada caso deve ser individualizado e naqueles em que nem mesmo os tratamentos tornam possível uma gravidez com uso de óvulos próprios, a paciente ainda pode recorrer à doação de óvulos. Contudo, isso implica em riscos “quanto mais tarde a mulher optar por engravidar, maiores as chances de gestações de risco ou alterações genéticas na criança, como a Síndrome de Down” (quando utiliza seus próprios óvulos), explica Claudia. Segundo estudo publicado na revista Fertility and Sterility, mulheres abaixo de 35 anos que se submetem a Fertilização in vitro têm quase 40% de chance de conceber um bebê com seus próprios óvulos, sendo que após 42 anos esta chance cai para menos de 3%. 

 Congelamento de óvulos

O congelamento de óvulos é uma alternativa para quem deseja ser mãe mais tarde. “Hoje já dispomos de avanços científicos que permitem o congelamento dos óvulos para que sejam utilizados posteriormente, quando for o momento adequado para aquela mulher”, explica a especialista em reprodução assistida. Se o desejo é de se tornar mãe no futuro, ou mesmo para aquelas que ainda não encontraram o parceiro ideal, os óvulos podem ser armazenados pela técnica de congelamento de gametas. Karina Bacchi, Sabrina Parlatore e Ivete Sangalo são algumas das famosas que já aderiram a esse método.

Sobre Cláudia Navarro
Cláudia Navarro é ginecologista, especialista em reprodução assistida e diretora clínica da Life Search. Graduada em medicina pela UFMG em 1988, Cláudia titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela instituição federal. Atua na área de ginecologia e obstetrícia, com ênfase em reprodução humana, trabalhando principalmente os seguintes temas: infertilidade, reprodução assistida, endocrinologia ginecológica, doação e congelamento de gametas. 

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