O que a apresentação da Beyoncé representa ?

Domingo, 26 de junho de 2016. Nos Estados Unidos acontecia o BET Awards, premiação anual voltada para a comunidade negra. Na abertura do evento Beyoncé se apresentou com Kendrick Lamar e fez da música “Freedom” não apenas um número musical, mas um ato político, um manifesto.
As dançarinas entraram com  uma parte do discurso de Martin Luther King, I Have A Dream, onde ficou claro que, a partir daquele ponto, veríamos não apenas uma apresentação impecável, com figurino luxuoso, coreografias bem ensaiadas e vocais magníficos. Ali ficou claro que veríamos quem é a Beyoncé: uma das mulheres mais poderosas da atualidade, negra, abraçando sua cor, sua cultura, seu povo e deixando claro que conhece sua história, que fez o dever de casa e tomou partido nessa luta.
E você deve estar pensando: como isso se relaciona com comunicação? O que isso muda na minha vida? O que isso muda nas estratégias que crio? E nos planejamentos, nas escolhas de modelos, na linguagem... o que muda? E é bem simples: MUDA TUDO!
Hoje, de acordo com a pesquisa da Nadja Santos sobre diversidade étnico-racial, a classe C consome 1 trilhão de reais e 53% desse grupo é formado por negras e negros. Pessoas que querem ser vistas, ouvidas e, principalmente, representadas. Elas querem gastar o dinheiro delas com marcas que valorizem  sua cultura e sua existência. Você realmente ainda não sabe o que mudou?
 Quando vemos negros sendo representados ainda existe aquela sensação de que estão ali por cota, que estão ali pelo politicamente correto, que estão ali por obrigação e, embora as marcas estejam começando a mudar essa visão, ainda não é suficiente. As pessoas querem ser representadas e querem rápido, e querem com dignidade e qualidade e a publicidade não está conseguindo acompanhar o ritmo da demanda, muito por falta de representatividade dentro das organizações que criam essas peças (e antes de sentir o dedo na ferida e responder de maneira imediata, para e pensa: quantos negros existem na sua agência? Em cargos de chefia?)
 Os negros estão começando a entender que quem tem o poder de compra é quem demanda e se você e seu cliente não entenderem isso rápido serão rechaçados pelos próprios consumidores. Nós, negras e negros, já entendemos isso e estamos de olho nas marcas que escolhemos para consumir.

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